sábado, 2 de julho de 2011

Sem você.

Era um sentimento
tão bonito quanto as cores do meu pôr-do-sol
Esvaindo-se do alaranjado fervente
ao azul, ao mais frígido azul
contornando a nova lua que surgia,
que surgia ao fim
ao fim de mais um dia
que vivi sem ver você.

Era um sentimento
longe do banal e de tudo que é tão comum
Entorpecia e fugia,
tão mais forte,
e trazia a escuridão
do fim
do fim do meu pôr-do sol,
desesperando, pois eu vivi,
vivi sem ver você.

Sem ver você.
Sem ter você.
Sem você.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Faz[ia]-se.

Contava em segredo suas verdades
- mas não lhe ouvia.
Se expunha quão mais não podia
- mas não lhe sentia.
Fazia-se ouvidos quando mais esperava
- mas não se importava.
Lhe eram confiados segredos
- e nunca os contou.
Por noites, por atenção
- não dormia.
Lhe expunha suas fragilidades
- não se compadecia.
Pôs-se em risos
- e lhe ofendeu.
Mais uma vez, o perdeu.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Negra Nuvem

Na angústia do denso vazio
daquela negra nuvem que eu vi passar
sucumbi junto aos meus lesos
incompletos, desconexos versos.

À janela, buscando a calmaria
foi-se o tempo, e ela não veio
- veio a densa negra nuvem
carregada de não-sentimentos
e falsas ilusões.

À janela, procurando a luz do dia
passaram-se três e, em vez,
nem a nebulosa eu pude ver,
mas apenas aquela nuvem
que levou minh'alma em escuridão.

À janela, não posso ver a Hydra
e nem mais há o que buscar.
Hei de seguir minha densa negra nuvem
com meus lesos versos incompletos
ao fim.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Imbecil.

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.... ahn? PRESENTE!

De que não preciso

Minhas lágrimas não passam do suor do meu desejo
preso em busca do ensejo
do que nunca vem

Minha leveza alienada, esconde a tristeza da pureza
que tão mais bela seria
se expressa em verdade

Meus olhos, tão grandes, fundos ao espelho
que me cega em reflexos
do ideal nunca visto

E minhas mãos, tão vazias dos calos do poder
que lhe matam à vontade
que lhe matam por vaidade

E meu peito, tão profundo em inexpressão
no vasto não-sentir
que mo consome em não crer

Minhas lágrimas tão somente expressam a verdade
do meu não saber
do maldito precisar

Versos, e desamor.

Versos de amor já ditos
de palavras impensadas
lhe ofereço a permear
de dores meu platonismo
que se arrasta
que se estende
que anda junto ao tempo
ao tempo que não passa
e que faz parecer que
tudo ainda é tão igual.

Tão igual pra mim
Tão igual pra você?
Que me faz pensar
quando menos quero
quando nem mesmo sei se te quero.

Que me faz queimar
tantas e tantas linhas
mal escritas em poemas
de versos iguais
já ditos, já escritos
tão cantados, tão batidos
por um algo comum
algo de dor
algo da minha dor.
Por minha estória de desamor.